segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Amar parecia complicado.
Repleto de sentimentos exacerbados que na mais funda análise...
 Pareciam irreconhecíveis.
E ali estava numa busca incansável.
Afinal, que pressa era essa em amar?
Acreditou no amor.
Tornou-se desacreditada.
Imaginou em duro esforço que algo assim não seria pra ela.
Até que foi.
E foi tão simples quanto respirar,
Tão incontrolável quanto.
Não parecia nada do que havia imaginado até então.
Apenas era o que era,
Apenas existia,
Era parte dela, tanto quanto parecia ser desde o inicio.
E tão certo como iniciou, continuou.
Eu te amo, G.

- Karolayn Pedroso

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Broto de vida

Existe uma árvore no mercado perto da minha casa, essa árvore foi cortada um tempo atrás. Aquele papo esdrúxulo de que ela estava bloqueando algo “importante”. Típico de locais industriais mesmo, ninguém percebe. O fato é que um dia desses fui pagar conta, como minha mãe sempre me manda ir por ela. Aconteceu de eu olhar para fora e percebe-la, lá estava a coisa mais bela que vi naquela semana. Cortaram seus galhos e a deixaram completamente seca, mas agora, em cada galho cortado tinha uma pequena plantinha. Ela está renascendo. Tão magnífica quanto toda a natureza tende a ser. Provando sem precisar de palavras que não importa o que se passe, não importa o que somos agora, sempre podemos reformular nossa vida. Mesmo que seja aos poucos, um pouquinho em cada esforço nosso, um brotinho de cada vez, que vai crescer e se fortificar, e quando isso acontecer meu bem, ninguém nos derruba. Se tentarem a gente renasce novamente.
- Karolayn Pedroso.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Não acredito que estejamos aqui para servir alguém e muito menos para servir para alguém, acredito que nosso propósito é maior. Depois, você precisa ser suficiente para você mesmo ao invés de procurar uma complementação. Somos inteiros e não metades de uma laranja. Além disso, ficar com alguém não pode ser uma necessidade ou obrigação, ficar com alguém é uma escolha feita por você mesmo. Uma escolha. Fique com alguém que queira ficar, única e e exclusivamente porque você quer ficar com aquela pessoa e ela quer ficar com você.

- Vivian Godoi.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Pequenas partes de uma menina que tenta ser mulher

Capitulo 2

Mudanças familiares e novas amizades

Vamos conhecer os fatos de verdade, parte por parte. Em 2010 algumas mudanças importantes aconteceram, entre elas a morte repentina da minha avó materna, que foi minha primeira perda verdadeira. Minha avó era um ponto muito importante da minha vida sendo muito presente em cada parte dela até então. Durante meu crescimento eu a vi sofrer pelas mais diferentes coisas e sentia um instinto protetor. Se ela chegasse em casa triste e desanimada eu sempre dava um jeito de fazer com que conversássemos e compactuava com minha mãe para que fizéssemos ela se arrumar, maquiar, pintar os cabelos e coisas do tipo, mas não por futilidade, era porque ela se amava dessa forma, sempre amou se “emperiquitar”. Era muito divertido ver o caminho que a gente percorria para ver ela feliz, sempre funcionava. O problema é que ela também saía da nossa casa, voltando sempre ao que costumava ser antes de tentarmos a mudança de ares. Nesse ano ela não veio ficar com a gente, estava muito doente e era preferível permanecer no seu próprio cantinho. Nesse dia das mães minha mãe trabalhou, disse que sairíamos direto após atender a última cliente e iríamos visita-la. Assim o fez e no momento em que estávamos fechando a casa para sairmos, o telefone tocou. Poxa, “valia a pena ver o que era, estávamos em casa ainda”. Mandaram-me descobrir o que precisavam e fui. Aparentemente era importante, pensei na época, porque me fizeram passar aos meus pais assim que falei “Alô”. Minha vó havia morrido naquela tarde. Ainda me sinto culpada às vezes ao contar que me senti anestesiada pela longa parcela de tempo em que soube da morte dela até iniciar o velório. A carga toda caiu sobre mim do nada, só depois de horas eu entendi o que havia acontecido, no exato momento em que meus olhos pousaram no corpo morto dela. Foi rápido, como se um raio tivesse caído na minha cabeça. Senti todas as minhas emoções entrarem em pane e chorei como nunca. Primeira vez que entendi o que realmente era o sentimento de “acabou”. Como você deve imaginar, foi um dos fatos mais marcantes pelos quais passei.

Uma semana depois minha irmã nasceu em um ambiente em que não sabíamos se ficávamos extremamente felizes ou tristes. Minha mãe ainda estava muito mal pelo que aconteceu, assim como eu, mas era tempo de tentar seguir em frente da melhor maneira, aquele bebê merecia isso. Como em toda família a chegada de uma criança mudou tudo em 360° graus e infelizmente eu não soube lidar muito bem com tudo. Talvez algumas pessoas pensem nisso como ciúmes, outras pensem que era normal sentir-me assim. Eu apenas não conseguia pensar claramente sobre nada, só entendia que as coisas estavam mudando e que eu não conseguia gostar totalmente disso. Não ache que não amo a chegada da minha irmã por isso, amo-a do fundo do meu coração, o problema foram os bruscos acontecimentos e um pouco do que eu tinha feito comigo até meus doze anos. Lembra-se do que te contei no primeiro capítulo? Pois veja, eu não entendia mais o que era. Alie isso à perda da minha vó, que havia feito com que repensasse algumas dessas coisas sem entender de verdade nada. Entrei em um ciclo de questionamentos que desfaziam o sentido de tudo que tinha feito no passado, um passado recente que ainda era parte do meu dia-a-dia. Eu estava tentando agradar a quem? Por quê? Nem era mais importante. Resolvi ser eu e tomei consciência de que não sabia como. As coisas obviamente mudaram na escola quando fiz isso, e em casa tudo ia se moldando ao redor do novo núcleo familiar. Eu entendia aquilo e mesmo assim não compreendia o motivo de sentir-me tão sozinha. Vi-me sem saber o que fazer e me revoltei, por isso as brigas começaram a surgir. Para minha família eu de repente não era mais meiga e fofa, eu havia parado de fazer algumas coisas, aparentemente sem ter um motivo, na visão deles. O principal foi o quão forte começaram a notar aquilo que não gostavam em mim, coisas que realmente eram características minhas, das quais não poderia mudar mesmo se tentasse. Não havia mais refúgio, nem na escola, nem em casa. Esse é o marco da minha dissociação com a imagem que criei até esse ano. Pergunte a qualquer um que tenha me conhecido nessa idade, nunca sabem o que aconteceu de fato, mas afirmam o quanto mudei repentinamente. Fechei-me fortemente com minha família e em compensação não tentava mais agradar ninguém na escola. Utilizei a leitura como um meio de fugir da minha realidade em casa e exagerei muito nisso. No meu tempo livre eu pegava um livro e devorava-o em poucas horas, sem descanso buscava outro e o lia também. Cheguei ao Record de ler dois livros e meio em menos de vinte e quatro horas. Nenhum era pequeno. 

Ainda bem que pouco tempo depois eu descobri que podia conhecer pessoas que aceitavam meu jeito diferente de ser, mesmo que não me entendessem. A primeira pessoa especial que conheci havia acabado de entrar na escola, assim que chegou foi-me dado em tom de brincadeira o dever de cuidar dela ali, grande mulher a mãe dessa colega. Mesmo que não passasse de um comentário engraçado eu respondi que faria sim, cuidaria dela da melhor forma que pudesse. Assim tentei fazer e ainda a tenho em minha vida. A segunda pessoa também chegou de repente, na mesma situação da primeira. Diferentemente do caso anterior foi o fato de que entrei em contato por vontade própria, sem precisar de empurrãozinho. Tinha o forte pensamento de que sabia o quão chato era ser tirada da zona de conforto e entrar em ambiente desconhecido. A amizade dela ensinou-me muitas coisas, mesmo que ela já não faça parte ativa da minha vida agora. A terceira me veio em uma situação cômica, quando ambas acabamos enfiadas no meio de uma confusão de paquera entre duas pessoas, a melhor ação era fugirmos juntas daquilo. Acabamos fugindo e buscando muitas coisas depois disso, ainda fazemos isso, ela é minha melhor amiga, dá pra acreditar? Bem louca de permanecer ao meu lado nas diferentes etapas pelas quais passei, mas foi assim que entendi como amar uma pessoa como amo minha família, sem nem mesmo ter laços de sangue. Depois disso encontrei e desencontrei muitas pessoas, todas importantes, sempre deixando um pouco de aprendizado comigo, sempre levando um pedacinho do meu coração. Não que isso me faça triste pensando de modo geral, nunca fez. Eu estava aprendendo que não podia fazer da minha felicidade dependente disso, mesmo que nem sempre fosse feliz. Foi assim que fui me descobrindo aos poucos, sem em nenhum momento saber me descrever. Os consecutivos três anos passados após essas mudanças foram de muitos conflitos internos. Eles produziram muitas confusões das quais ainda tento lidar. Aprendi que mesmo tendo pessoas por mim, uma mudança não começaria delas e não dei a mínima para isso nessa fase porque estava preocupada demais em descobrir experiências novas que me fizessem compreender o que eu era. Deixei de lado a autoestima, a insegurança, a ansiedade, e aproveitei só o foco que me levava ao fim do labirinto que me encontrava. Acabei por demorar demais a entender que não podia me negligenciar tanto e terei de explicar o motivo a você em nosso próximo encontro.
- Karolayn Pedroso.

domingo, 9 de outubro de 2016

Pequenas partes de uma menina que tenta ser mulher

Capitulo 1: O inicio

Sempre fui diferente do que esperavam de mim, demorei um pouco a perceber isso porque estava ocupada demais tentando realmente ser algo que não era. Isso costumava me afetar muito no passado, era difícil entender, como criança, que meus esforços não se concluíam em nada. O fato é que chegou ao ponto óbvio, o exato momento em que já não conseguia mais me identificar. Era muito confuso entender o contexto disso, ainda mais quando se mostrava normal sabermos exatamente o que gostávamos e o que éramos. Logo nesse período começaram os questionários na escola. Era um terror. Imagine você estudando tranquilamente, em um momento que não precisa de absolutamente nada para tentar se misturar com a turma, até que chega algum colega do seu lado. O que ele faz? Te entrega um caderno com 100 perguntas pessoais e te pede para responde-las. Logo na quinta série. Foi muito difícil para uma menina que havia acabado de entrar na instituição. Mesmo assim, ali eu respondia folha por folha. Qual era minha cor favorita? Minha música? Meu livro? Qual menino da escola era o mais bonito? Quanto eu calçava afinal? Preferia doce ou fruta? Praia ou montanha? E ai de mim se respondesse errado, as crianças podem ser muito maldosas e descobri isso nessa época. Então respondi o lógico, algo que criou um infinito ciclo de ações que me forçavam a fazer coisas que realmente não queria. Consolava-me dizendo que era por um bem maior, mas claramente não era. Eu não entendia que ao formar uma persona eu ia apagando aquilo que realmente era, me moldando muito naquilo que era o molde e desfazendo o que realmente era ser “Eu”. Não parei esse sistema naquele momento, nem sabia o quão influente isso seria no futuro.
- Pelo menos me encaixei em um grupo. Dizia.

Vocês não fazem ideia da quantidade de grupos dos quais fiz parte. Inocente como era ainda acreditava fielmente que todos eram meus amigos, que aquilo duraria para sempre não importando o quê. Assim foi do primeiro ao segundo, deste ao terceiro e por aí vai. Acredite, cada perda doeu na alma. Essas dores me fizeram entender muito cedo que amizades não eram tão fáceis assim. Colocaram na minha cabeça que confiança também não se dá a qualquer um. Minha insegurança começou a crescer a cada pessoa que perdi. Não me julgue por fraca, hoje entendo que não era culpa minha, que eles nem mesmo sabiam quem em realidade eu era, mas vá colocar isso na cabeça de uma menina sentimental. Chorei muito por isso, como chorei. O pensamento mais comum era de que se eu não era suficiente para eles, não seria para mais ninguém, nem a mim mesma.  Continuei tentando me enquadrar no padrão, ser igual aos que admirava, fazer parte do circulo de pessoas, me tornar essencial. Não deu certo como era previsto que aconteceria, a gente não consegue fingir ser algo que não é por muito tempo. Quando “eu” dava as caras e não curtia aquela música do cantor fulaninho era nítido, por que estava com eles se não gostava das mesmas coisas? Anormal! Assim eu ia me afastando, sempre esperando que alguém sentisse minha falta e me chamasse novamente porque era importante. Nunca aconteceu, mas não culpo as pessoas que fizeram parte disso e procurei sempre entender que metade daquilo era culpa minha, mesmo sem entender o que havia de errado. Que fique claro que isso era característica do tal universo escolar, muito importante nessa fase da vida. Em casa as coisas eram um pouco diferentes, meu irmão mais velho ainda morava comigo e com meus pais, e eu amava a presença dele aqui. Ele sempre foi o tipo de irmão mais velho que brincava comigo de uma forma ou outra, mesmo que brigássemos seguidamente. Eu também era o poço de esforço para agradar todo mundo da família, porque achava que era isso que eles queriam, ainda mais quando era a filha mais nova. Se eu contar que minhas notas não baixavam dos 9.5 tu acreditaria? Nesse ponto, até mesmo agora acho sensacional. A pressão, agora percebo, recaía no filho mais velho. Então, mesmo me lamentando muito na escola, ainda fazia da nossa casa meu refúgio, ainda podia chorar para minha mãe e ganhar um abraço de conforto.  Ela perguntava o que acontecia, o motivo da minha tristeza e o que ela podia fazer sobre isso, mas o que eu entendia? Mesmo tentando ser muito boa, ainda era uma pessoa como qualquer outra no quesito guardar rancor, então falava que determinado amigo me deixou magoada e que não queria falar muito sobre o assunto, porque consciente ou não, no momento não conseguia controlar o impulso de sentir-me a vítima. Mesmo que eu já não fosse nesse momento algo que eles queriam que fosse, ainda não era o foco em questão. Algo que mudou progressivamente quando meu irmão foi morar longe, que evoluiu com o nascimento da minha irmã mais nova. Com as novidades eu me tornei o foco e precisei, repentinamente, tornar-me mais responsável, talvez mais madura do que realmente era aos doze anos. Se me sinto meio imatura agora, imagine que não seria muito mais seis anos atrás. Foi com esse pequeno trecho de vida que começaram as brigas. Foi com essa situação quase engraçada que meu “lar” deixou de ser meu refúgio. Porém, agradeço imensamente por ter conhecido pessoas neste mesmo trecho de infância que entraram na minha vida e me ajudaram no processo de conhecer-me novamente. Um projeto lento, que dura até os dias atuais e que está longe de se concluir. Uma história longa que deixarei para outro momento.
- Karolayn Pedroso.


Precisamos falar sobre o fato de sermos pessoas fechadas. Não sei se vocês em algum momento se enquadraram no que chamo de “autoexclusão”, mas é um fato que atualmente está muito em alta, negando ou não. O mal da nossa geração é que os problemas da sociedade e a forma que fomos crescendo nos formaram como pessoas que se protegem umas das outras. Incluindo-me nisso, claro!

A maior fonte de informação disso é a internet, que volta e meia mostra em um post do Facebook o quanto “ficar na Netflix é melhor” ou até mesmo resquícios de um pequeno relato de que o coração foi machucado por várias pessoas. Confiar está sendo complicado, né? Me uso como exemplo, esses dias eu postei que faço muitas coisas por proteção, mas cara, muita gente também faz. E todos têm motivos pra isso. Na vida muitas vezes quebramos a cara por conhecer pessoas novas, por acreditar demais em alguém ou pelo simples fato que nós, humanos, não controlamos nossas emoções. Isso se repete e acontece de novo por vezes, até o momento em que pensamos “poxa, não aguento mais!”. 

Nesse momento se inicia a tal autoexclusão, que pode acontecer bem lentamente. Um oi que não foi dado, por não ter sido iniciado pela pessoa “B”. Um possível relacionamento que deixamos de lado porque nossa cabeça formou o forte pensamento de que vai dar errado. Um vício em coisas que não envolvam falar, ou não envolvam pessoas. As conversas rasas que temos em boa parte do dia, porque fala sério, quem realmente quer saber o que eu gosto? Até que chegamos ao ponto em que nos questionamos se essa realmente é a coisa certa a se fazer.

Não é, por mais complicado que seja admitir, e eu nem posso falar que já consegui lidar completamente com isso. É um daqueles problemas que vamos arrastando, mas que em algum momento a gente para e percebe que não está sendo legal. Vamos trabalhar sobre isso, afinal é um medo muito comum. Daí você diz “Ta, eu devo realmente aceitar o que tu está falando e me ferrar de novo?”. 

E aí eu explico que não é uma obrigação imposta por mim, mas que seria bom iniciar por aí. Essa coisa toda faz parte da convivência, faz parte do processo que é sermos pessoas. Do mesmo modo que você se feriu em algum momento, feriu outro alguém também. As coisas não acontecem de propósito, é apenas o ciclo. Temos a necessidade de aprendermos com ele. Difícil, eu sei, mas cá entre nós, se a gente não tentar mudar nunca, quem vai mudar por nós?

- Karolayn Pedroso

domingo, 11 de setembro de 2016

O Pesadelo

Ao acordar me deparei com minha imagem em outro ser, não compreendia em um ínfimo o que acontecia ali. Me vi de olhos fechados e mãos tremendo, com um resfôlego em profusão e dentes tão trincados como se pudesse vê-los cair diante de mim. Aquela era eu, mas eu de fato não estava ali. Meu corpo habitava o mundo em suspensão e ali não existia ou se via nada, não se escutava nem o leve assopro de vento, mas escutava o próprio coração a trepidar. Das minhas costas surgiu um som, algo parecido ao resmungo rígido de um animal ferido que faria de tudo para sobreviver. Tentei me virar e ver do que se tratava, mas percebi em ascendente desespero que não podia mover um membro ou dizer um ai. Encontrava-me na confusão, imóvel e muda. Os segundos passaram como horas e os minutos pareciam estender-se cada vez mais, até que em um chiado brusco avistei aquele que fazia o som propagar-se no absoluto nada. Até hoje não entendo o que era, em sua visão disforme de corpo imundo, mãos enormes que se alargavam mais ainda ao juntar-se com suas garras pontudas, cheias de sangue. Seus olhos não existiam, e seu rosto parecia cortado em mil pedaços indistinguíveis, mas seus cascos o levavam diretamente onde estava sua presa, minha outra eu. Ao se encontrar com ela, se move diretamente às suas costas e sussurra algo em seu ouvido que a faz despertar-se do transe, mas em seus olhos só se via o ardente medo, seu corpo, assim como o meu, não se movia, mas sua consciência do momento estava estável, como quem vive por si só. A criatura subitamente se faz em gargalhadas, ao parar vira sua cabeça diretamente para onde eu me encontrava, enquanto, rapidamente, crava suas garras na nuca da minha imagem e dali puxa, com toda a força, os ossos da sua coluna. Em segundos a cena se vê em um banho de sangue e aquele ser puxa seus cabelos como quem mostra do que é capaz. Me encontro paralisada, em uma imagem provavelmente semelhante a que via naquele corpo, agora, moribundo e jogado ao chão. A criatura repete seus passos e ruídos, caminhando cada vez mais próxima de onde, agora, eu me encontrava. Quando chega à minha frente sinto o forte cheiro de morte que exalava e assim desvio os olhos para conter meu medo, no outro lado encontro outra imagem minha, com um olhar de pena e pavor. Sinto uma forte fisgada em minha nuca e o cenário se desfaz. Estou agora em minha cama.
- Karolayn Pedroso.